Depois do muro
E olhando para as diferenças que persistem entre a Alemanha ocidental e oriental, diria que os regimes mudam mais o povo do que o povo muda com a mudança do regime. Enfim, se mesmo na fusão entre duas empresas*, entidades de dimensão e complexidade reduzida quando comparadas a um país, tantos são os problemas que surgem, como esperar que numa fusão do que eram, na altura, dois países completamente distintos, não existissem problemas de difícil resolução? Especialmente quando aquilo não foi propriamente uma fusão entre iguais, mas uma fusão onde um lado, o ocidental, tinha claramente preponderância na escolha do caminho a seguir. Além do mais, a Alemanha é um óptimo exemplo de como, na aplicação de modelos económicos e sociais, não atender e entender a especificidade dos povos a que se destinam tais modelos, é o primeiro passo para o modelo fracassar.
* estou a pensar, nomeadamente, em algumas aquisições do BCP no tempo do Jardim Gonçalves. Imaginam o que é impôr o sistema informático de um banco a todos os funcionários do banco adquirido? E impôr a mentalidade do BCP aos quadros altos do banco adquirido? Obviamente, muitos dos funcionários do banco adquirido, especialmente aqueles que estavam lá há mais tempo, sofriam de problemas de adaptação e julgavam-se, muitas vezes com razão, tratados como que funcionários de segunda numa instituição que pretendia-se única e a remar para o mesmo lado.