A ministra que não agradava a quase nenhum professor já se foi embora. Agora, só falta que os professores, que tanto se indignaram com esta ministra, mostrem igual desconforto e insatisfação pelos professores medíocres que continuam a contaminar o nosso sistema de ensino. É que a ministra, má ou boa, todos sabíamos que mais tarde ou mais cedo seria corrida de lá. Já os professores a que me refiro, e que não são tão poucos quanto isso, há anos que por lá andam sem que qualquer protesto digno de nota se verifique.
Governo vai estender a escolaridade obrigatória para 12 anos
De acordo com o primeiro-ministro “a qualificação dos portugueses é uma das prioridades” do Governo, que passa pelo “desenvolvimento do serviço público de educação”
Tenho as maiores dúvidas quanto aos efeitos desta medida. Não é forçando alunos (da idade a que necessariamente nos referimos no caso) a ficar nas escolas que se resolve qualquer problema (a questão a responder é porquê que eles, nos dias que correm, querem sair). O governo primeiro facilita, agora força - no que toca às estatisticas, terá certamente alguma repercusão. No que toca ao melhoramento dos jovens para a adaptação e aproveitamento no mercado de trabalho, fica tudo na mesma, isto para não dizer que piora. A propósito leia-se este post do João Carvalho.
Voltando à educação, vale a pena começar pela pergunta que coloca aqui o Bruno Reis. Diz o Bruno Reis a propósito de Obama defender o pagamento aos professores com base no mérito:
Será que a sua popularidade em Portugal vai ser afectada? Será ele capaz de levar a ideia por diante nos EUA sem os tipo de problemas que se vêm em Portugal?
A resposta é que Obama tem uma vantagem face à actual proposta da ministra - este, ao mesmo tempo que pretende implementar um modelo de avaliação dos professores, parece pretender aumentar os ordenados do conjunto dos professores no geral. A proposta da ministra, tal como parece enquadrar-se actualmente, parece implicar apenas que os melhores professores terão acesso a uma remuneração semelhante à que já atingiriam agora e os maus professores sairão certamente a perder. O bolo salarial nos Estados Unidos com Obama deverá aumentar, em Portugal parece ser intenção do governo diminuir o bolo salarial. Talvez por aqui também se percebam as manifestações dos professores em Portugal.
Isto quer dizer que a proposta de Obama será melhor que a da ministra? Não necessariamente, apenas quer dizer que terá maior facilidade de evitar grande contestação (para além de não falar que os Estados Unidos não são Portugal e vice-versa no que toca ao ambiente politico). A forma como se aumentam os salários dos professores em média é que importa se o alcance da medida é justo ou não - se for simplesmente pelo método socialista (como suspeito) de lançar mais dinheiro do contribuinte para cima do problema não me parece que faça grande sentido (e nem a implementação de um modelo mais concreto de avaliação do mérito trará grande alteração ao problema).
A questão que se coloca é se eu vejo como possível e desejável um aumento dos salários aos professores em Portugal dada as nossas restricções orçamentais? Sim, mas importa perceber o como. Bem, em primeiro lugar, tal como o António Almeida defende nos comentários a este post, dando autonomia às escolas na escolha dos seus professores. Mas a essa autonomia na contratação, teria de estar associada também a possibilidade de cada escola despedir e fazer diferenciações salariais aos professores como bem entendessem (ler a propósito, este post de Connor Friedersdorf sobre o assunto). O valor extra do salário seria portanto o prémio pela perda da segurança no emprego que hoje em dia os professores gozam.
A questão que se coloca é, os professores alguma vez aceitariam a perda da segurança no emprego pela possibilidade de aumento do ordenado? Dúvido, e dos sindicatos então nem se fala. Agora, o que também sei, é que quanto maior é o salário possível de alcançar e quanto mais este está associado ao mérito, mais facilmente se atraiem os melhores e mais se retira do potencial destes para essa profissão.
Os protestos dos alunos, que emergiram um pouco por todo o País esta semana, resultam da imitação do comportamento dos adultos, do incitamento implícito dado pelos professores e da manipulação intencional exercida pelas juventudes partidárias que infiltram as associações de estudantes.
João Miranda no DN
Professores prometem "guerra o ano todo" e admitem antecipar greve nacional
Também prometem que vão tentar ensinar, mas não se comprometem. Já não bastava a escola ser muitas vezes um campo de batalha entre alunos e professores, também o é agora entre professores e ministério. Tenho a certeza que isto trará beneficios para o nosso ensino. Gosto especialmente deste parágrafo da noticia:
Considerando "inadmissível" que a ministra da Educação tenha hoje recusado suspender a aplicação do modelo de avaliação, o secretário-geral da Fenprof apelou ainda aos docentes para serem eles a fazê-lo, na prática, parando nas escolas todos os procedimentos relacionados com este processo.
Os professores não querem respeitar a autoridade da ministra, acho bem. Mas eu já aqui me voluntario para atirar o primeiro tomate ao professor que, seguindo a recomendação da Fenprof, venha com a conversa que os alunos não respeitam a sua autoridade.
Na procura de soluções cada vez mais criativas para o aproveitamento do Estádio de Algarve, a última passou por transformar temporariamente o mesmo numa escola. Pode ser que os miudos aprendam rapidamente a boa arte portuguesa de gastar mal o dinheiro.
Fantástica esta notícia no Público on-line (negritos meus):
De acordo com um relato de um professor escrito em acta, a directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, pediu aos conselhos executivos das escolas para terem atenção na escolha dos docentes que vão corrigir os exames, e disse que “talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média.” Os “alunos têm direito a ter sucesso” e o que “honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos” terá dito imediatamente antes e depois.
O direito ao sucesso é uma coisa que me emociona. Sempre achei que o sucesso era uma coisa que se procurava e que com menor ou maior dificuldade, com menor ou maior esforço, com nenhuma ou alguma sorte, se podia encontrar. Se tenho direito ao sucesso onde é que posso reclamar se ainda não tiver encontrado o meu?
Esta coisa de atribuir direitos sobre coisas que não se controlam, logo a começar pelo direito à felicidade (de que o direito ao sucesso não será nada mais, nada menos, do que uma subcategoria), não encaixa na minha visão sobre os direitos e deveres do Homem. O Homem deve ter sim, como Thomas Jefferson escreveu na maravilhosa Declaração da Independência dos EUA, o direito à procura da felicidade (ou à procura do sucesso).
Quanto mais esta gente achar que o cidadão (aluno) tem direito à felicidade (ao sucesso), mais esta gente contribui para a infelicidade (o insucesso) do cidadão (aluno) em questão.
O sistema de ensino do futuro terá obrigatoriamente de ser composto por escolas com autonomia pedagógica e financeira. Essas escolas terão de ter total liberdade para escolher e avaliar professores, contratar directores e captar financiamentos. Maria de Lurdes Rodrigues fez muito pouco para preparar este futuro. Deu prioridade à reforma da carreira docente e da avaliação dos professores. Descurou a avaliação das escolas e a autonomia. Criou regras demasiado específicas para a avaliação dos professores. Teve uma boa ideia quando criou um novo patamar na carreira docente, o cargo de professor titular. Mas desbaratou a oportunidade de renovar o quadro de professores no topo da carreira ao preencher quase todas as vagas num único concurso usando como principal critério a antiguidade. Não é possível neste momento criar escolas autónomas. Essas escolas herdariam obrigações para com os seus funcionários e regulamentos de avaliação que lhes retirariam autonomia efectiva. O aparecimento de escolas verdadeiramente autónomas terá que ser precedido de uma nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação.
As escolas secundárias recebem dinheiro dos impostos para prestar um serviço ao público em geral. Simplificando, os professores, os funcionários e os dirigentes de uma escola são agentes ao serviço do contribuinte. Mas quem actualmente manda na escola são os professores e os funcionários, que escolhem os conselhos executivos, e os burocratas do Ministério da Educação, que decidem o que é que os conselhos executivos podem fazer. O contribuinte, na prática, não manda nada. Quem paga não manda, quem manda não paga.
Por tudo isso, o que aqui está escrito, num blogue de uma publicação de que o André é um destacado colaborador, é, por várias razões, mas por essa também, inadmissível. Para além de tresandar a ressentimento pessoal, a categoria pessoal e intelectual do André não me permite deixar de duvidar, por um segundo, da injustiça desses comentários, desagradável e malcriadamente centrados na sua pessoa. Que criam, também, uma situação muito difícil de gerir, talvez mesmo de resolver, naquela que é a melhor publicação periódica da direita portuguesa, o que é pena e desmerece o bom trabalho feito pelo Paulo Pinto Mascarenhas.
Tiago, Por qué no te callas?
Desta vez ultrapassaste todos os limites. Se não consegues conter o teu ressabiamento nesta casa, que se quer de gente decente, faz-nos um grande favor, sê coerente com o que dizes acima, e muda-te. Haverá de certeza algum blogue de grande audiência que te receberá de braços abertos. Agora, isto não é debate, não é direito à diferença, não é pluralismo, é mesmo má educação e desrespeito por todos os que cá estamos e nos esforçamos por fazer do blogue uma extensão digna de uma revista, que se quer plural, mas não vulgar.
No seu último artigo no Público, Vital Moreira defendeu a escola pública como parte de um projecto republicano, laico, igualitário e progressista. Esta defesa da escola pública é um reconhecimento de que ela é um instrumento de combate político e de engenharia social de uma facção política contra as restantes. Apesar de todos os portugueses pagarem impostos, nem todos partilham dos valores que Vital Moreira usa para justificar a escola pública. Nem todos os portugueses querem uma educação republicana, laica, igualitária e progressista para os seus filhos. A sociedade portuguesa é suficientemente plural para nela coexistirem monárquicos e republicanos, crentes e ateus, socialistas e liberais e progressistas e conservadores.
Se o Estado devolver o valor dos impostos sob a forma de um cheque-ensino, os cidadãos recuperam o direito de aceitar ou rejeitar o projecto político que Vital Moreira propõe para a escola pública. Vital Moreira tem razões para temer que esse direito à escolha afaste muitas pessoas das escolas que promovam o ideal progressista. Tem boas razões para temer que esse ideal pode não ter argumentos suficientes para convencer os cidadãos a colocar os filhos nas escolas que o defendam.
"It only stands to reason that where there's sacrifice, there's someone collecting the sacrificial offerings. Where there's service, there is someone being served. The man who speaks to you of sacrifice is speaking of slaves and masters, and intends to be the master." Ayn Rand
Vem isto a propósito do comentário da Tina a este post do João Miranda. Diz a Tina:
O que a experiência prova é que as más companhias são sempre prejudiciais enquanto a convivência com bons exemplos é sempre benéfica. Não adianta tirar atalhos na vida. Uma sociedade egoísta que abandona os mais fracos acabará por pagar mais tarde. Acho que os cheques-ensino só funcionarão bem em sociedades mais evoluídas com menos desigualdades sociais. Nós ainda temos algum trabalho a fazer até lá.
A Tina propõe então a mescla entre bons e maus alunos, como forma dos primeiros beneficiarem os segundos, apesar dos segundos prejudicarem os primeiros. É pretender sacrificar um grupo em prol de outro. Claro que a parte sacrificada, se contra a sua vontade (como é quase sempre), conspira... e mesmo que hipoteticamente o ganho para o mau aluno fosse superior à perda para o bom aluno, não suporto a ideia de dar primazia à sociedade sobre o individuo. Recorrendo novamente a Ayn Rand:
Adenda: a Tina queixou-se que eu estou a simplificar o que ela disse. De facto, atendendo ao comentário seguinte percebo que ela não quer sacrificar ninguém. Mas eu continuo a achar que ela está errada... a mescla, mesmo que atendendo a uma distribuição equilibrada, entre bons e maus alunos, será prejudicial para os primeiros.Individual rights are not subject to a public vote; a majority has no right to vote away the rights of a minority; the political function of rights is precisely to protect minorities from oppression by majorities (and the smallest minority on earth is the individual).
Como os rankings mostram que as escolas mais bem classificadas são escolas privadas, os defensores da utopia da escola pública são forçados a alegar que os resultados das escolas privadas se devem à origem socioenonómica dos seus alunos. Dizem que o meio socioeconómico influencia mais os resultados que a qualidade da escola. Reconhecem, em última análise, que, ao contrário do que diz a utopia, a escola pública está muito longe de anular os efeitos do meio socioeconómico.Os defensores da escola pública alegam ainda que as escolas privadas de topo têm melhores resultados porque seleccionam os seus alunos. Segundo eles, a escola pública é uma escola que não discrimina ninguém. Ora, este é mais um indicador de que o conceito de escola pública que defendem é utópico. A melhor escola para um dado aluno é aquela que tem, não apenas os melhores professores, os melhores métodos e as melhores instalações, mas também os melhores colegas. Nenhum pai quer que o filho tenha colegas que perturbam o ambiente escolar. As escolas melhores são aquelas que seleccionam os seus alunos. As escolas da utopia não podem fazer essa selecção e serão sempre medíocres. São os pais, os professores e o próprio Ministério da Educação os primeiros a recusar e a conspirar contra a utopia. Os pais mais bem informados tentam colocar os seus filhos nas escolas com o melhor ambiente socioeconómico. A formação de turmas de elite dentro das escolas públicas é uma prática comum. As políticas do Ministério da Educação levam os melhores professores para as escolas das zonas economicamente mais favorecidas. A utopia é irrealizável.
Apenas 14 dos 308 municípios portugueses têm nutricionistas a trabalhar, alertou hoje a Associação Portuguesa dos Nutricionistas, afirmando que os menus do pré-escolar e do 1º ciclo são da responsabilidade das autarquias.Nas escolas cujos municípios não possuem nutricionistas ou que não contrataram uma empresa para a confecção das refeições, a escolha dos menus escolares é feita com recurso aos cozinheiros ou com a colaboração de alguns professores, que não têm os conhecimentos necessários e adequados para responder às necessidades nutricionais das crianças destas idades, critica a Associação Portuguesa dos Nutricionistas.A responsável daquela associação sublinha que "na prevenção é que está o ganho e só assim é possível reduzir o número de crianças obesas e pré-obesas em Portugal"."É urgente aumentar o consumo de fruta, legumes e peixe, em detrimento das carnes vermelhas [como a vaca e o porco], que é excessivo em algumas escolas", considera Alexandra Bento.
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