Juventudes partidárias
Se os partidos pretendessem verdadeiramente renovar-se, podiam começar por acabar com estas. Tal como estão, refiro-me sobretudo às dos dois principais partidos, são pouco mais do que espaços ondes alguns jovens aprendem a não raciocinar para além dos interesses e da defesa do partido, bem como a desenvolver uma rede de contactos e amizades que funciona como trampolim para a sua ascensão política, para a sua formação enquanto políticos profissionais. Em boa parte, aquele que entra numa juventude partidária, rapidamente percebe que do bem do partido depende o seu bem pessoal, mesmo porque a actividade política desenvolvida na organização em causa retira-lhe tempo para desenvolver outras actividades fora da política, por outras palavras, acaba de se profissionalizar como politico, e então nada mais ambiciona do que ter no partido quem lhe atribua algum poder e um rendimento com que viver. Ora, como bom político profissional que o jovem é (ou pretende ser), fica dependente de duas coisas para ter um bom emprego, 1) que o seu partido detenha o poder (pelo que a obtenção do poder pelo partido tudo justifica); e 2) que aquele que no seu partido dispõe do poder interno (e que portanto decide quem são os boys partidários que partilharão com ele o poder obtido pelo partido), tenha em boa conta o jovem que quer ascender na carreira, por outras palavras, se o jovem não cair nas boas graças do 'chefe', o jovem não mama nada. É neste ambiente que alguns dos nossos políticos foram formados. Os partidos tornaram-se em agências de emprego e as juventudes partidárias fomentam esse estado de coisas.