É assim
Sempre detestei o argumento do mal menor. Já disse que não noto grande diferença entre o PS e o PSD, entre Sócrates e Ferreira Leite. Já disse muita coisa e espero que nunca me confundam com um social-democrata, não posso estar mais longe do rótulo. Não tenho nenhuma simpatia por Ferreira Leite, acho mesmo que do ponto de vista político ela será uma má primeira-ministra como foi uma má ministra das finanças. Mas deixem refugiar-me na hipótese de que Ferreira Leite não será pior que o Sócrates. Mais, faz-nos falta limitar este PS que mostra uma ganância pelo poder que assusta. Eu podia usar com o PSD o mesmo argumento que usei para não gostar dos Republicanos, afirmar que mais vale deixá-lo cair para ser obrigado a levantar-se renovado do chão. Mas não uso. Primeiro porque do outro lado não temos um político com algum espirito renovador como Obama, mas um Sócrates que desgoverna. E ainda menos uso porque o PSD não tem o poder. Deixar cair o quê? Caido já ele está. Antes é melhor levantá-lo já do chão e tentar influenciar a sua visão do poder enquanto se levanta. Digo mais, assusta-me o caminho que o país leva cada vez mais virado à esquerda. Assusta-me que não demorem muitos anos (meses?) para ter de gramar com um BE no poder. E detesto, detesto mesmo, assistir à forma como os ódios contra a senhora vão desfilando nos meios mediáticos. Dirão que a culpa é da senhora, assim seja, não me importa, continuo a não gostar à mesma do que leio, oiço e vejo. A entrevista na SIC foi a gota de água. Não a entrevista, entenda-se, mas a reacção à mesma. Eu gostei da entrevista, quer na forma, quer no conteudo, contrastou, na minha opinião, para muito melhor face à figurinha que temos neste momento como primeiro-ministro. Calhou, por inépcia da senhora posso admitir, ter acontecido aquela história do bloco central e nada mais importou. Nada mais importa neste país do faz de conta. Paulo Rangel dizia que a sua candidatura ao Parlamento Europeu foi como que "um chamamento", correu-lhe mal a expressão, foi gozado por isso, admito que sim. Mas estas coisas de "correr mal" é tipico de quem está na mó de baixo, na mó de baixo não é que as coisas corram mal, as pessoas é que têm tendência para acentuar só o que corre mal, é uma tese que auto-concretiza-se (imaginem o caso do cartaz do PS com a data errada caso fosse do PSD, percebem o meu ponto?). Mas, dizia eu, se Rangel sentiu "um chamamento", eu desde segunda-feira que apetece-me ficar do lado de Ferreira Leite. Fica feito o esclarecimento.