Parece que, na Assembleia da República, os partidos da oposição (com excepção, até agora, do CDS) pensam apresentar um projecto de lei que tem como objectivo impedir o prolongamento do contrato da Mota-Engil na exploração dos contentores de Alcântara. Recorde-se que a extensão do prazo foi uma decisão do governo anterior, na altura com maioria absoluta, e que originou um relatório verdadeiramente demolidor do Tribunal de Contas a contestar o negócio. O problema é que mesmo aceitando que a decisão foi péssima (e eu estou convencido que foi), uma proposta que leve à anulação de tal extensão do contrato dará origem, sem grandes dúvidas, a uma reclamação judicial por parte da Mota-Engil e, provavelmente, até a uma indemnização. E é aqui que a porca torce o rabo, para recorrer a linguagem popular. É que por muito má que seja a decisão, está tomada, e se o valor esperado da indemnização superar o valor do ganho esperado com a reversão do contrato, mais vale deixar tudo como está e não embarcar em populismos demagógios só para satisfazer o jogo político-partidário. O mesmo é dizer que esperava (mas eu já sei que espero mais do que devia) que qualquer partido político sério que apresentasse uma proposta no sentido de anular o aditamento ao contrato agora em vigor tivesse 1) previsto a possibilidade de uma indemnização e 2) em caso de possibilidade de indemnização, tivessem feito contas para apurar se mesmo assim justificava-se levar tal projecto de lei para a frente. Eis quando, para surpresa minha (já sei que não tenho idade para me surpreender com estas coisas), aparece um jovem do PCP (para o caso suspeito que o partido até não seja propriamente relevante) que, quando confrontado com a possibilidade de o projecto de lei que o seu partido apresenta poder levar a uma indemnização à Mota-Engil, refere que pensa que se esta vier a ocorrer não deverá ultrupassar o ganho que a reversão do contrato dará origem. Pareceu-me matéria de fé, mas quero crer que estou enganado...