Se dúvidas houvesse, Henrique Granadeiro tentou deixar tudo mais claro. Granadeiro é um político ao serviço dos socialistas numa das maiores empresas portuguesas, a tal que alguns socialista há menos de uma semana diziam ser uma empresa privada como tantas outras. Mas é engraçado a forma como Granadeiro apresenta o problema, uma vez que diz que "Já parecem esquecidas as tentativas de intervenção do governo PSD na Lusomundo, que levaram à minha demissão". Ora, se calhar é porque não estão esquecidas que Ferreira Leite sabe muito bem como as coisas fazem-se na PT. Quem esqueceu tal foi José Sócrates, que há cinco anos atrás disse algumas coisas acertadas sobre o assunto, mas depois chegou ao governo e esqueceu o que disse. Henrique Granadeiro é também ele um exemplo do porquê que este Partido Socialista tem de ser afastado do poder. A permanência do poder em mãos socialistas durante 11 dos últimos 14 anos ajudou a espalhar o polvo de boys socialistas pelos mais variados cargos de influência política. Suspeito que até Setembro ainda iremos assistir ao espernear de muita gente assustada com a hipótese de perderem o abono de família.
PS: adorei a forma como Granadeiro refere-se a Manuela Ferreira Leite por a "senhora presidente do PSD". O acrescento "senhora" deve ser algo que me escapa. Ou então não.
A propósito do que escreve Nuno Garoupa, não podia deixar de recordar Philip Tetlock e o sua análise (Expert Political Judgment: How Good Is It? How Can We Know?) sobre os comentadores americanos (na sua maioria, pelo menos). Numa análise a variadas previsões feitas pelos fazedores de opinião, Tetlock descobriu que não só muitas eram erradas como, para piorar, aqueles que mais erravam eram os que tinham mais espaço de antena. Em Portugal, o melhor exemplo dessa cultura está muito bem representado ao domingo à noite na RTP.
Sobre este post de Paul Krugman, algumas das respostas que gerou são de leitura obrigatória:
O estado do debate é este. Entre os economistas, Paul Krugman tem sido um dos principais incentivadores da técnica. É mais compreensível, embora não aceitável, a técnica num dirigente político, mas não fica bem a um economista recorrer ao mesmo. A não ser que o economista não esteja preocupado com a economia, mas antes em fazer política. É o que Paul Krugman faz há muito tempo no seu blogue e na sua coluna do New York Times. Polítira pura e dura.
No estudo que o João Carvalho faz referência aqui, fora o título sensacionalista, existem algumas coisas interessantes a reter (com pena minha, não encontro o estudo disponível na net). Mas uma das conclusões a que chegam é que as instituições que geram maior desconfiança por parte dos portugueses são as instituições que nos governam. Quase 70% dos inquiridos revelaram pouca ou nenhuma confiança nessas mesmas instituições. Ora, se as instituições que nos governam são aquelas de quem mais desconfiamos, porque raio teimamos em insistir que é através do reforço do poder destas que podemos resolver a nossa situação?
E o Manuel Pinho falhou por pouco. Teixeira dos Santos: “A crise aproxima-se do fim”. Ainda bem, presumo que assim já não sejam necessários aqueles investimentos públicos que, supostamente, servem para combater essa mesma crise.
O manifesto de contra-resposta (ou talvez não) ao manifesto dos 28 é muito interessante. Tanto académico e o principal argumento que usam para sustentar o seu texto é o argumento de autoridade. Mas para mim o mais interessante é outra coisa: entre os economistas que assinam o documento está muito académico do ISEG e do ISCTE. Por outro lado não está um único da FEUNL ou da Católica de Lisboa. As tribos académicas no campo da economia expostas de forma clara.
Então não mentiu. O problema de tentar descredibilizar alguém quando esse alguém diz a verdade dá normalmente nisto. A verdade vem ao de cima e quem foi alvo da tentativa de descredibilização fica com credibilidade reforçada. Ferreira Leite disse o óbvio e a táctica socialista foi acusar Ferreira Leite de faltar à verdade. Por este caminho, ao contrário de todas as expectativas, o PS prepara-se para um derrota muito pesada nas próximas eleições legislativas e o PSD nem precisará de fazer grande coisa.
Na entrevista de Ferreira Leite houve uma coisa que não gostei mesmo nada: quando ela afirmou que "não há um único economista credível que, neste momento, esteja a favor das grandes obras públicas". Não gostei porque em primeiro lugar não acredito que assim seja, em segundo lugar porque essa é exactamente aquele tipo de argumentação que sempre detestei no actual primeiro-ministro. Sócrates dizia a favor do seu investimento público que todos os países estavam a fazer o mesmo, Ferreira Leite diz que todos os economistas crediveis concordam com ela. São duas faces da mesma moeda.
Este é o mesmo governo que dizia cobras e lagartos das receitas extraordinárias dos governos PSD. O mal de Ferreira Leite é que favorecia a transparência: dizia-nos claramente que usava receitas extraordinárias para cumprir o défice. Este governo trabalha na sombra. Há quem aprecie que assim seja.
Vai opor-se, mas não se opunha. Se assim fosse o governo teria manifestado a oposição logo na quarta-feita quando Sócrates esteve na Assembleia da República. Para todos os efeitos, a oposição e muito especialmente Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva é que mataram o negócio. Ainda bem, digo eu. Agora ataque-se a raiz do problema e acabe-se com as acções douradas.
25 de Junho de 2009: O especialista canadiano em tecnologia Don Tapscott aponta Portugal como um exemplo a seguir na educação, elogiando o investimento em computadores individuais nas salas de aulas.
Lá para Agosto voltaremos a ser informados sobre a opinião de Don Tapscott sobre o Programa Magalhães.
"Não falou com o accionista Estado", mas falou certamente com José Sócrates em conversa que deverá ter sido informal, tanto mais quando, segundo consta, esteve reunido com Sócrates na terça-feira. Mas o formalismo permite que agora se refugie na falta de contacto formal com "o accionista Estado". Mas nada disso desmente a afirmação de Ferreira Leite que Sócrates sabia do negócio.
Ora aqui está um estudo interessante, divulgado pelo New York Times, sobre a discriminação das mulheres argumentistas de peças de teatro. Resumindo: as mulheres há muito que argumentam que são discrimadas face aos homens na escolha de peças pelos directores artisticos. O motivo? A existência de muito mais peças em exibição escritas por homens do que por mulheres. Uma jovem economista procurou fazer uns testes para testar essa hipótese. O que importa destacar? Esta chegou à conclusão que tal discriminação existia, mas era maioritariamente provocada pelas próprias mulheres. Esta enviou argumento semelhante para os variados directores artisticos do país, metade assinados por um nome de homem e a outra metade assinados com um nome de mulher. A conclusão é que os directores artisticos masculinos avaliaram os argumentos de forma semelhante, independentemente do sexo de quem assinava. Mas foram as próprias mulheres que na avaliação da mesma peça foram particularmente mais negativas no que toca à que estava assinada por outra mulher. Mais uma vez se comprova a minha teoria: nós homens não temos culpa que elas sejam tão pouco solidárias entre si.
Sócrates "não falou verdade" sobre a compra da TVI
Manuela Ferreira Leite diz ser impossível que o primeiro-ministro não tenha conhecimento da intenção da Portugal Telecom em comprar 30% da TVI.
Eu ainda mantenho o sonho de, algum dia, transformar isto no AssunçãoReport.
Sócrates anuncia aumento de bolsas e redução do preço do passe social para universitários. A cada debate parlamentar este governo tem sempre uma medidinha pronta para atirar cá para fora. Uma medidinha agora, outra medidinha amanhã, uma medidinha quando convém para distrair e levantar pó. Medidinhas sem efeito. Sem efeito porque o seu impacto é quase nulo, muito embora permita a rábula que o primeiro-ministro tanto gosta de que ele é um homem de acção. É um homem de acção certamente. Um homem que age única e exclusivamente com o objectivo de a todo o custo conseguir a reeleição, nem que seja a desbaratar dinheiro em coisa nenhuma e medidas avulsas não enquadradas em quaslquer plano específico para as áreas em causa. Mas por falar em medidinhas, alguém sabe se já existem notícias sobre a compra da Cosec?
Por esta altura já se percebeu que Cavaco Silva teria preferência por marcar as eleições para o mesmo dia. Contudo, o facto de só ter o PSD a seu favor torna essa uma decisão com elevado custo político. Passa o risco de ver as suas decisões coladas ainda mais ao que a líder do PSD também defende. Já no caso das grandes obras públicas é notório que Cavaco alinha com o discurso laranja. Para evitar que esse alinhamento se torne mais notório, o presidente será de certa forma forçado a tomar uma posição neste caso que não é certamente a que defende.
Mas na minha opinião pessoal ficariamos melhor servidos se optássemos pelo mesmo dia para a realização das eleições. Por dois motivos: o primeiro porque é óbvio que o argumento económico deve contar. Já vi argumentar que se nas eleições adoptarmos tal argumento, não tarda nem eleições fazemos porque sai mais barato. Ora, isso é uma falácia, porque o argumento económico é tão só: perante aquilo que tem de ser feito, como é que tal é feito de forma eficiente ao mínimo preço possível. Ou seja, o argumento económico nunca pretende limitar aquilo que tem de ser feito, procura é responder à forma como tal deve ser feito. Por isso, para contrariar o argumento da poupança nos gastos, os partidários de eleições em dias diferentes têm de conseguir atribuir um custo à realização de eleições no mesmo dia, e é ai que entra o factor da contaminação do voto. Mas eu não compro esse argumento. Aceitar esse argumento significa que os mesmos que são capazes de decidir perante propostas diferentes e complexas qual a melhor para o país, não são capazes de distinguir nas urnas a natureza diferente de duas eleições. Mais do que isso, comprando esse argumento coloca-se a questão de como é que nas próprias autárquicas os eleitores já são confrontados com votação de natureza diferenciada, uma vez que votam para mais do que um orgão.
Já o segundo argumento a favor de eleições no mesmo dia é a abstenção. A situação não se colocaria se as eleições não fossem tão próximas (e o mesmo digo para o argumento económico), mas a questão a colocar é qual o efeito de ter duas eleições separadas por quinze dias? E o efeito não é dificil de adivinhar: as pessoas tem preferências e nem todas estão dispostas a deslocar-se por duas vezes em tão pouco tempo à urna de voto. É claro que é também aqui que, parece-me, se entra mais no jogo partidário e no motivo da oposição generalizada dos partidos políticos à decisão de eleições no mesmo dia. Aos partidos não lhes interessa o valor da abstenção, nunca interessou. Aos partidos políticos interessa ganhar. E o eleitorado das autárquicas é maioritariamente laranja. É possível então admitir que as eleições no mesmo dia diminuam a abstenção sobretudo com uma maior adesão de pessoas que votam tradicionalmente no PSD, pessoas essas que, talvez desmotivadas pela actual liderança do partido, de outra forma não se deslocariam para votar nas legislativas. Ou seja, as eleições no mesmo dia mobilizam o eleitorado do PSD. E nenhum dos outros partidos tem qualquer interesse nisso. Mas quando no dia das eleições alguns partidos políticos lamentarem a fraca adesão popular às eleições, não deixarei de esboçar um sorriso.
O calor por estes dias é insuportável. O debate em torno da loira do PSD já se insere na silly season? Eu nisto estou com o António de Almeida, prefiro a loira do Obama:
O manifesto de 28 economistas a apelar à reavaliação do investimento público irritou algumas almas. Alguns, fazendo jus à cultura muito portuguesa de atacar o mensageiro e não a mensagem, logo trataram de atacar o curriculo das pessoas envolvidas no manifesto, diminuindo-lhes a credibilidade. Esse é um dos principais motivos pelo qual em Portugal tanta gente opta por não dar a cara, de uma forma ou de outra, existirá sempre quem tente denegrir pessoalmente quem tem visão diferente à sua. Mas o manifesto tem uma grande vantagem: alguns tentaram passar a ideia, através de argumento económicos e com algumas referências a Keynes pelo meio, que a aposta em grandes obras públicas era quase inatacável. Ainda na entrevista que o ex-animal feroz deu a Ana Lourenço, na SIC, o nosso primeiro mais uma vez tratou de referir Keynes e a grande depressão para justificar as suas políticas. Pena é para o nosso primeiro que o economista Keynes, cumprindo a sua teoria mais que provada de que "no longo prazo estamos todos mortos", não esteja vivo para poder manifestar a sua concordância com Sócrates, concordância hipotética essa sobre a qual manifesto as mais sinceras dúvidas, mas no entanto existe um conjunto de economistas portugueses, atreveria-me a dizer a maioria, que manifesta muitas dúvidas sobre esses mesmos projectos. Não podendo sondar os mortos, talvez fizessemos bem em escutar os vivos e demonstrar preocupação pelos que ainda estão por nascer.
Nadal fora de Wimbledon. O que significa que Federer, no final do torneio, pode novamente ocupar o posto número um mundial.
O João Miranda elabora uma pequena sondagem, no Blasfémias, onde pergunta qual o melhor primeiro-ministro desde 1995. As opções são Guterres, Barroso, Santana e Sócrates. A verdade é que confrontado com uma questão do género tenho muita dificuldade em dar resposta. Se a pergunta trocasse melhor por pior, a resposta era simples, Guterres. Este foi o que criou o problema, os outros só mostraram-se incapazes para encontrar solução para o mesmo. Mas, em última análise, respondendo à pergunta concreta talvez tivesse de optar por Santana Lopes. Não porque o homem seja particularmente brilhante, mas porque foi o que durou menos tempo no cargo. E perante maus governantes, o melhor é mesmo aquele que menos tempo exerceu funções.
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