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Despertar da Mente

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

Despertar da Mente

18
Dez09

O sismo

Jorge Assunção

O sismo que mais me preocupa não é aquele que, na madrugada de ontem, provocou inicialmente a sensação de uma rajada de vento muito forte a embater na janela da minha sala, rapidamente transformada na percepção de que era a movimentação da terra, e não o vento, que originava a tremideira da mesa onde está apoiada a minha televisão ou o baloiço da cadeira em que estava sentado, tudo isto acompanhado pelo barulho dos copos chocando uns com os outros no móvel de madeira situado nas minhas costas. Não é o que mais me preocupa agora, embora naqueles breves segundos tenha ficado preocupado. Lembro-me de ter pensado que se aquilo continuava a tremer daquela maneira durante muito tempo, ia fazer estragos, mas ainda mal me levantava da cadeira e já o tremor havia passado. Então, ainda duvidei se não tinha sido a imaginação a pregar-me uma partida, mas o movimento do candeeiro de cristal por cima da minha cabeça não deixava grande margem para dúvidas. Foi um sismo. Mas o sismo da madrugada de ontem, que abriu os telejornais do dia, passou sem fazer estragos. Mas há outro sismo na sociedade portuguesa, um que abala a estrutura e as instituições desta terceira república, e esse prolonga-se há muito no tempo e não dá sinais de parar. E faz estragos, o que é pior.

11
Dez09

Para mais tarde recordar

Jorge Assunção

O Governo irlandês adoptou medidas drásticas para controlar a despesa pública no orçamento para 2010 e decidiu reduzir salários a professores, enfermeiros e polícias. Está também prevista a redução de prestações da segurança social a desempregados e a famílias com filhos.

 

Em Portugal, a mera apresentação de uma proposta para congelar (isso mesmo, não é reduzir, é só congelar) os salários do funcionários públicos é uma blasfémia. Quando, num futuro próximo, compararmos as taxas de crescimento económico da Irlanda e de Portugal e, como é habitual, lamentarmos a nossa 'sorte', não se esqueçam das medidas que foram adoptadas por um e por outro país durante este ano de 2009.

06
Dez09

Tratado de Methuen

Jorge Assunção

A história portuguesa está cheia de mitos, um deles, propagado por gerações e gerações de historiadores, é sobre os malefícios do Tratado de Methuen. O Tratado é sempre apresentado como algo que beneficiou em muito os interesses ingleses a desfavor dos interesses portugueses (curiosamente, ou então não, Adam Smith, n’A Riqueza das Nações, apresenta tese diferente, considerando que o Tratado foi lesivo dos interesses ingleses). Os historiadores portugueses, para provar a tese contra o Tratado, apresentam os dados sobre o agravamento da balança comercial com os ingleses após o mesmo, esquecem, muito convenientemente, de referir que a tendência de degradação da balança comercial era anterior ao Tratado. Por outro lado, há quem ainda pense que no proteccionismo à indústria nacional, levado a cabo pelas políticas do conde da Ericeira, estaria a solução para a indústria nacional, e o Tratado de Methuen, representante máximo do fim desse proteccionismo, teria ferido gravemente as hipóteses de uma indústria têxtil forte em Portugal. Compreendo que, à luz de algumas ideias da época, alguns atribuissem valor a esse tipo de pensamento, por mim, limito-me a agradecer que, nos tempos que correm, o proteccionismo esteja completamente desacreditado. Por fim, e só para rematar com o que pretendia efectivamente dizer quando comecei a escrever este post, acho que não há maior prova a favor dos benefícios do Tratado de Methuen do que o simples facto de, ainda hoje, ano 2009, século XXI, praticamente 300 anos após a sua assinatura, ainda aparecerem uns economistas na televisão a dar a actual indústria do vinho como um exemplo de vitalidade.

06
Dez09

Um século XX inteiramente democrático

Jorge Assunção

N’A Conspiração Contra a América, Roth imagina uma América alternativa, na década de 40 do século passado, que seria liderada por alguém refém da ideologia Nazi. O exercício é interessante e levou-me a pensar em algo semelhante para Portugal: o que teria sido deste país se não tivesse existido ditadura? O que teria acontecido em Portugal se, em vez dos acontecimentos que perpetuaram Salazar no poder durante quase 40 anos, o país tivesse seguido a via democrática? Sobretudo, o que seria do país no presente? A minha resposta a esta última pergunta deixa sempre uma sensação amarga. É que, do ponto de vista económico - e a economia é a ferida aberta deste país na actualidade -, duvido que a inexistência da ditadura tivesse garantido ao país uma conjuntura económica melhor do que aquela com que nos deparamos. A democracia não deixa de ser imensurávelmente melhor que qualquer ditadura, mas há aqui uma falha estrondosa que não deixa de ser assustadora e merecedora de debate. Para começar, talvez seja bom abdicar do chavão de que “o povo tem sempre razão”. Não tem. E se calhar o nosso, o povo português, erra mais do que outros.

04
Dez09

Não é bem o abismo

Jorge Assunção

Nas várias metáforas usadas para descrever a situação económica e social que o país enfrenta, muitas vezes recorre-se à imagem da proximidade do abismo, pelo que qualquer passo em falso pode resultar num fim trágico. A imagem acaba por ser profundamente enganadora, isto porque a ideia do abismo dá a entender que basta um ligeiro desvio da rota, do percurso, e tudo ficará bem. Nada mais errado. O problema do país não é o abismo, mas antes estarmos enfiados num buraco que nós próprios escavamos. Um buraco tão profundo que, de onde nos encontramos, já não é possível avistar qualquer indício da luz à superfície. E há algo de verdadeiramente deprimente nisso porque 1) estamos dependentes que aqueles que mais torceram pela escavação do buraco, reconheçam o erro, e dêem inicio à escalada para a superficie; e 2) alguns, já tão habituados à escuridão do buraco, não sentem qualquer necessidade de procurar a luz da superfície.

02
Dez09

O susto

Jorge Assunção

Alguns economistas andam de tal forma assustados – e têm boas razões para isso – que acham que a solução para os problemas do país é o povo apanhar um verdadeiro susto. Só com um verdadeiro susto o povo será capaz de consciencializar-se dos problemas financeiros que o país enfrenta e, com isso, exigir aos governantes que tomem as medidas dificeis que se exigem. Não há falha maior para a democracia do que aquela em que o povo é convencido pela emoção e não pela razão. Não devia ser preciso o Estado deixar de pagar o salário de Dezembro – um dos sustos sugeridos – para os eleitores perceberem a situação em que o país se encontra. Se o medo, ou a asneira consumada, é a solução para pôr o país a funcionar, muito mal vai a democracia desse país. Quando chegamos a este ponto estamos perante uma democracia fraca, permeável a populismos e demagogos de todos os géneros e feitios. Na História não faltam exemplos de como esta história acaba e isso é o que mais me assusta.

30
Nov09

Qual a falta mais gritante?

Jorge Assunção
14
Nov09

Um ser omnisciente

Jorge Assunção

Se um ser omnisciente perguntasse: José Sócrates é uma pessoa séria? E em troca de resposta correcta oferecesse a vida eterna (imaginando que a vida eterna é uma prenda muito preciosa), qual seria a resposta pela qual o leitor optaria: sim ou não?

 

Eu sei qual seria a minha resposta, e apesar da minha resposta colocar-se no plano da aparência, do incerto, e na vida real não existir o tal ser omnisciente a quem recorrer para passar a minha resposta para o plano do ser, do concreto, a resposta que dou a tal pergunta não deixa de me incomodar profundamente. Um incómodo que há muito não consigo esconder.

13
Nov09

Recordações

Jorge Assunção

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