No concurso da SIC, Idolos, na última gala, o juri queixava-se da falta de músicas cantadas em português, acentuando que os concorrentes estão ali para alcançar a fama em Portugal e não noutro lado qualquer. Refira-se que todas as músicas foram escolha dos concorrentes e decorridas duas galas, que englobaram vinte e cinco canções, só duas foram cantadas na lingua de Camões. Acrescente-se ainda que os dois que cantaram em português foram para casa logo na primeira gala e não sairam sem que o juri os criticasse pelo mal juizo na escolha da música. O tema é recorrente, mas é óbvio que o problema não é dos concorrentes, que limitam-se a escolher aquilo que gostam de ouvir. Tirando o fado, onde a boa música cantada em português deve sempre procurar refúgio; tirando um ou outro nicho de mercado, onde uma banda ou artista destacam-se pela qualidade; o panorama é deprimente. Basta dar uma vista de olhos pelos artistas que passeiam pelos mais variados ‘natais dos hospitais’ que poluem a televisão portuguesa. A música popular portuguesa está entregue aos Tony’s Carreira e Ruth’s Marlene deste mundo. A não ser que os concorrentes pretendam ser idolos de mulheres de meia-idade ou idolatrados por exibirem as pernas, boa parte da discografia que cabe na televisão portuguesa generalista pode ir para o lixo. E depois, talvez cantar em inglês não seja assim tão má ideia, mesmo para quem quer ser um idolo em Portugal. Afinal, há maior idolo em Portugal do que o David Fonseca? Ora, o David até sabe cantar em português, no projecto Humanos demonstrou-o, tal como a Sónia Tavares, dos The Gift, fez o mesmo no projecto Amália Hoje, mas foi a cantar na lingua de Shakespeare que ambos ganharam protagonismo, e será em inglês que darão continuidade às suas carreiras.