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Despertar da Mente

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

Despertar da Mente

16
Dez08

"That’s what people do in a free society."

Jorge A.

Foi assim que George Bush reagiu ao atirar do sapato de Muntader al-Zaidi. Por outro lado, segundo consta, o lançador de sapatos tornou-se um herói para alguma gente do mundo árabe e, também de forma manifesta com uma breve pesquisa pela imprensa e comentários na internet, para muitos no ocidente. O ódio por George W. Bush a muitos cega. Sim, o episódio é divertido, eu próprio fiz imediata referência ao mesmo, mas a reacção ao incidente não se fica pelo humor, há quem se reveja naquele gesto e só tenha pena que George Bush não tenha efectivamente levado com o sapato. Bush, aliás, é pau para toda a obra: desde o relógio roubado na Albânia que nunca foi até à falta do apertos de mão na recente cimeira do G-20 que também nunca aconteceu. Por outro lado, noticia o New York Times, o mais recente herói tinha ligações ao partido de Saddam Hussein, tendo pertencido ao sindicado estudantil durante o mandato deste e um dos seus editores diz que é pessoa ambiciosa, "sonhava tornar-se um dia presidente do Iraque". George Bush fez muita coisa errada, de onde o Iraque pode ser o maior exemplo, mas mesmo aí nem tudo foi mau. O actual primeiro ministro iraquiano Nuri al-Maliki é uma gigantesca melhoria face ao seu antecessor. Convinha que as pessoas percebessem que no gesto e na figura de al-Zaidi, o lançador de sapatos, bem como nas manifestações de alguns árabes, não há alí nada de bom para festejar - o homem que sonha ser presidente do Iraque tem afinal como modelo o anterior ditador.

15
Dez08

Pobreza, Definição e Limites

Jorge A.

Risco de pobreza estabiliza em 18 por cento entre 2006 e 2007

Há 18 por cento de indivíduos residentes em Portugal que se encontravam em risco de pobreza em 2007, o mesmo valor indicativo observado em 2006, avança hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) no inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2007, com base nos rendimentos de 2006. A taxa de risco de pobreza corresponde à proporção de habitantes com rendimentos anuais por adulto equivalente inferiores a 4544 euros em 2006, valor que corresponde a 379 euros mensais - aumento do limiar de pobreza de quatro por cento face a 2005.

A pobreza é um flagelo que afecta todas as sociedades e a necessidade de combate à mesma é em si um dever. Mas os números são manipuláveis e como tudo que envolve e influencia politicas, a definição de pobreza é tudo menos consensual, jogando cada um com os números que mais lhe dão jeito e com as comparações que mais servem as ideias que pretendem defender. A esse propósito tome-se em atenção o seguinte quadro:

 

(Fonte: Relative or absolute poverty in the US and EU? The battle of the rates)

 

O que os autores do estudo em questão fizeram foi comparar a medida de pobreza (relativa) utilizada na Europa, que colocaria os Estados Unidos como os com maior incidência de pobreza entre o conjunto de países considerado, com a medida de pobreza (absoluta) utilizada nos Estados Unidos, que faria saltar a pobreza em Portugal para um nível quatro vezes superior à dos Estados Unidos no ano 2000. Claro que ambos os indicadores tem os seus criticos e, sejamos sinceros, ambos são facilmente criticáveis porque não há indicador perfeito para este tipo de coisas, mas também fique claro desde já que dou muito mais valor ao segundo. É que com base no primeiro seria, por exemplo, possível a Portugal ter o mesmo nível de pobreza que uma Alemanha, quando nesta alguém que ganha o dobro do que é o limiar de pobreza definido pelo INE para Portugal (379 euros) ainda é considerado pobre. E depois, claro está, há coisas que estas medições não tomam em atenção. Por exemplo que nos Estados Unidos da América a pobreza persistente é quase nula (Dynamics of Economic Well-Being: Poverty 1996-1999 - durante o período em causa apenas 2% da população esteve abaixo do limiar da pobreza durante mais de 2 anos - facto a que a inexistência de persistência de desemprego de longo-prazo, contrariamente ao caso português, não deverá ser alheia). E para terminar, para quem goste mesmo do assunto, pode dar uma vista de olhos por aqui: EU versus USA.

12
Dez08

Bernard L. Madoff

Jorge A.

No Insurgente é feita referência ao caso de Bernard Madoff, um reputado financeiro de Wall Street que chefiava a empresa Bernard L. Madoff Investment Securities, e que foi apanhado num gigante esquema de Ponzi (em termos gerais, o retorno dos investidores mais antigos era feito com base no dinheiro dos investidores mais recentes). A culpa é da falta de regulação, não é? Bem, talvez não:

According to Charlie Gasparino, the SEC received a letter in 2005 that stated, "Bernie Madoff is running a Ponzi scheme."

Ou melhor ainda, pelo menos desde 2001 que muitas suspeitas se levantavam sobre a forma de actuação de Bernard Madoff, mas vejam a resposta deste:

Madoff, who believes that he deserves “some credibility as a trader for 40 years,” says: “The strategy is the strategy and the returns are the returns.” He suggests that those who believe there is something more to it and are seeking an answer beyond that are wasting their time.

Certamente que não seria a Securities and Exchange Commission (um agente regulador norte-americano que tem as suas origens ainda na crise de 1929) a questionar a credibilidade do homem. Lá como cá.

24
Nov08

Retórica

Jorge A.

N'O Insurgente um post com atenção para o artigo do Wall Street Journal que aponta o novo secretário do tesouro norte-americano, Timothy Geithner, como o "Secretary of Bailouts", o Francisco Almeida Leite no Corta-Fitas diz que o homem "é um defensor acérrimo do intervencionismo do Estado" e que para quem está agora espantado "não foi por falta de aviso". Ora, sobre bailouts e intervencionismo de estado acho que a referência ao nome do actual secretário do tesouro republicano Hank Paulson devia arrumar o assunto de vez - porque pensar que os republicanos são nesse aspecto muito diferentes dos democratas é pura ilusão (especialmente com McCain a liderar uma administração republicana). Ao contrário do que o Francisco Almeida Leite sugere no seu post, se alguns devem mostrar-se admirados com as escolhas de Obama e agradavelmente surpreendidos é por estas indicarem  uma aposta na competência e aptidões técnicas, sendo do ponto de vista ideológico muito mais viradas para o centro do que para a esquerda (embora de alguém que tivesse Austan Goolsbee e Jason Furman como conselheiros económicos avisados já nós estávamos). E vale a pena dar uma vista de olhos pelo que algum pessoal de direita insuspeito têm dito das escolhas de Obama para a área económica:

"The Dow is up 6.5 percent. And Tim Geithner will be Treasury Secretary. That's the two pieces of good news." Tyler Cowen

"Christina Romer to chair the CEA. She understands the Great Depression very well. I can't vouch for her managerial or political abilities one way or the other, but intellectually this is a very good pick." Tyler Cowen

 

"Obama has named his economics team. Marquee names: Christina Romer at the CEA, Larry Summers to head the NEC, and Tim Geithner of the New York Fed for Treasury Secretary. All of these people are sterling choices... except for Geithner. And Geithner is wrong not because he won't be a good Treasury Secretary, but because he's such a very good president of the New York Fed." Megan McArdle

 

"President-elect Obama plans to name Christina Romer... to chair his Council of Economic Advisers. An excellent choice." Greg Mankiw (convém referir que Mankiw exerceu tal cargo durante a presidência de George Bush)

 

"Christina Romer’s appointment to the chair of the President’s Council of Economic Advisors is excellent news." Will Wilkinson

Já agora, para quem quer perceber o porquê do entusiasmo da direita americana com a escolha de Christina Romer, o estudo desta em cojunto com o marido onde chegavam a conclusões como esta talvez ajude (via. Hit & Run):

"Our estimates suggest that a tax increase of 1% of GDP reduces output over the next three years by nearly 3%. The effect is highly statistically significant."

Eu gostava de saber é o quê que o Daniel Oliveira e o Rui Tavares tem a dizer sobre tais escolhas.

23
Nov08

Ler os Outros

Jorge A.

O Pedro Correira tem feito um óptimo apanhado de algumas das coisinhas que à esquerda se foi escrevendo sobre Barack Obama subordinado ao tema para mais tarde recordar. E é um trabalho interessante porque estou absolutamente convencido que, salvo com a manutenção de uma qualquer ilusão, praticamente todos à esquerda (falo dos socialistas na verdadeira acepção da palavra e não dos sociais-democratas - ler a propósito o último tópico deste artigo do Alberto Gonçalves) irão mais tarde ou mais cedo desapontarem-se com Obama (a questão do médio oriente é uma boa aposta para motivo da primeira grande desilusão). Esta noticia do New York Times é particularmente relevante para perceber o que espera certa esquerda que se reviu em Obama: Obama Tilts to Center, Inviting a Clash of Ideas. Escuso de mencionar o quanto o "centro" na politica norte-americano anda muito próximo do que por cá se chamaria direita neoliberal. Por outro lado também vale a pena recordar o que o Pedro Correia dizia em Setembro de 2008:

Enquanto Obama não ganhou um voto com a péssima escolha de Joe Biden, enquanto deixava Hillary Clinton à margem. A qualidade de um político mede-se também por estas escolhas: quem está seguro da sua capacidade de liderar não receia designar um número dois que possa fazer-lhe sombra...

Espero agora que a the right woman in the right place lhe traga mais confiança nas qualidade politicas de Obama, que aliás sempre foram conhecidas por quem acompanhou o seu percurso desde o principio, ler a propósito o que diz David Axelrod agora sobre o novo presidente-eleito:

"I think it's fair to say that all of these appointees will have the full backing of the president. That's why he's selecting them. And the one thing I can tell you from working for six years with Barack Obama - that he is someone who invites strong opinions. He enjoys that - he thinks it's an important element of leadership."
23
Nov08

Sócrates 2.0 (II)

Jorge A.

Obama menos ambicioso que Sócrates no emprego (via: O Insurgente)

Com efeito, os 150 mil novos empregos anunciados então representavam um aumento de 2,9% da população empregada portuguesa, enquanto os 2,5 milhões de Obama não vão além de 1,7% da massa trabalhadora norte-americana.

 

É que o Governo português contava criar 150 mil empregos, essencialmente por via do crescimento económico e pela melhoria das qualificações dos portugueses. Já Barack Obama aposta sobretudo no investimento público, tendo sublinhado que os novos empregos estarão associados à construção de estradas e pontes, à modernização das escolas e à construção de infra-estruturas de energias alternativas.

Por outros palavras, Sócrates nunca foi honesto na sua promessa e Obama é (chamam-lhe falta de ambição, funny). Sócrates prometeu algo que não era da sua dependência criar, Obama promete algo que pode cumprir. Para além disso o primeiro dava a entender que os novos empregos seriam saldo liquido face aos empregos criados e aos destruidos (não se aceite este ponto, e a promessa era não só pouco ambiciosa, como estúpida: era mais que certo que num mandato governamental, o sector privado criaria ao todo mais empregos do que o número em causa), já o segundo promete criar emprego com o dinheiro do contribuinte para compensar o mais que certo aumento do desemprego no sector privado. O primeiro mina a democracia, o segundo não (mesmo porque o segundo já fala na condição de eleito e não de quem se procura eleger, como fez o primeiro). Mas o essencial mantém-se, a proposta de Obama é, para mim, nos seus pressupostos errada. Contudo, o termo de comparação mais correcto para com o governo de Sócrates não é essa famosa promessa dos 150 mil novos empregos (a distinção inglesa entre politics e policy era muito bem aplicada a esse caso), mas muito mais a visão socialista do investimento público como o motor da economia, transposta no seu programa de grandes obras públicas como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa.

09
Nov08

Toda a Verdade III

Jorge A.

O Arnold Kling explica em parte porquê que a indústria automóvel norte-americana vê-se em risco de declarar falência:

The market is telling the American auto industry that it has too much capacity. It needs to shrink. A big reason that the auto industry is in trouble financially is that many of its current and past workers have retirement benefits (including medical care) that are defined benefits. That is, the benefits are promised regardless of whether enough money was contributed to provide for them. Under these circumstances, if the industry shrinks, it may not be able to cover the fixed costs represented by those defined benefits. In that case, the market is telling the auto companies to declare bankruptcy, with the proceeds from the sale of the auto plants going to creditors, including pension beneficiaries.

E o Greg Mankiw tem óptima recomendação para o novo presidente americano:

Economic isolationism is not in the national interest. A high point of the Clinton presidency was the enactment of the North American Free Trade Agreement, which passed both the House and Senate with a majority of Republicans and a minority of Democrats. Last Tuesday, many people voted for Mr. Obama hoping that he would achieve the kind of economic success that Mr. Clinton enjoyed in the 1990s. The best chance of delivering what they want requires abandoning some positions and pursuing a more moderate, bipartisan course.

E isto tem algum interesse para Portugal e os portugueses? Como Sarah Palin não diria melhor, you betcha - a começar no simples plano do debate de ideias, a acabar nas implicações que a adopção de um caminho mais proteccionista norte-americano terá na economia global enquanto um todo. E nós sabemos o quanto somos afectados pelo clima internacional.

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