Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Despertar da Mente

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

"Democracy and socialism have nothing in common but one word, equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude." Alexis de Tocqueville

Despertar da Mente

25
Out08

O Legado McCain

Jorge A.

O mais prejudicial legado para os republicanos é o de George Bush, mas o legado da campanha de John McCain acaba por tornar-se importante na direcção futura que o partido republicano tomará no pós-eleições, futuro esse que após 4 de Novembro será certamente de oposição a um presidente democrata e a uma maioria democrata no congresso e no senado.

 

Aquilo que garantiu as vitórias de George W.Bush foi a coligação entre um eleitorado diverso de defensores do conservadorismo económico e/ou social, defensores de posições mais libertárias e evangélicos. Mas dos vários grupos que constituem a grande coligação eleitoral republicana, houve um que transformou-se no motor da sua revolução iniciada na mente de Karl Rove, patrocinada pelos governos de Bush e que ganhou vida mediática na cadeia televisiva Fox News. Esse grupo: os Evangélicos.

 

Em 2000, os republicanos tinham dois candidatos a apresentar a eleições, George Bush e John McCain. A escolha que então fizeram veio a revelar-se um erro de casting crasso. E mais do que imaginar um universo alternativo com a vitória de Gore sobre Bush, podiamos imaginar o que teria sido da américa, e por consequência do mundo, com uma vitória de McCain sobre Bush nas primárias republicanas do ano 2000. Na altura, a forma como Rove e Bush derrotaram McCain nas primárias da Carolina do Sul foi absolutamente vergonhosa (espalhando mentiras e dúvidas sobre a vida pessoal do senador McCain) e só por sí sinal do que seria a politica Bush nos anos vindouros. Uma coisa tenho como certa, preferia que os oito anos de Bush tivessem sido fruto de um qualquer ficcionista Roth num The Plot Against America (v2.0), do que a realidade que está agora à vista de todos. E dada a história politica e pessoal de McCain, dificilmente este deixaria em 2000 que os evangélicos fossem o motor de uma sua administração.

 

Mas se os evangélicos foram o motor das vitórias de Bush, não é menos verdade que os republicanos não ganharam só com o apoio destes (de forma engraçada, os republicanos com Bush aproximaram-se de uma caracteristica dos democratas que tanto detestam, passaram a emitir politicas com o fim especifico de favorecer as visões politicas de uma minoria) - os evangélicos não representam mais que 15% do eleitorado norte-americano. E por isso, com a queda de popularidade de Bush, veio também a queda de popularidade de muitos dos sectores e ideias dos grupos que constituiem o eleitorado tipico republicano, entre eles, os sectores de tendência mais libertária ou do conservatismo económico. Se posso bem com a actual queda dos evangélicos, fico desapontado com o descrédito atribuido aos sectores americanos que defendem em parte aquilo que são as minhas posições politicas - posições essas que na Europa há muito cairam fora de moda. Por outro lado, bem sei que isto dos momentos politicos e sensações do eleitorado são passageiras - se hoje, conjuntamente com a atribuição de responsabilidade pela crise económica, algumas ideias base do movimento libertário cairam em descrença, não é menos verdade que tal movimento já teve piores dias e que deles recuperou.

 

John McCain é uma pessoa que, por vezes, e pondo de parte algumas coisas que terá feito e dito ao longo desta campanha eleitoral, deixa-me boa impressão. Gosto particularmente quando em pleno periodo de maioria na opinião pública a favor de mais regulação, consegue introduzir numa frase a defesa da "menor regulação governamental". Aqui está um homem que, contra tudo e contra todos, um pouco à semelhança do que faz em relação ao Iraque, mantém-se fiel ao que acredita. Este é o John McCain em que eu gostava de ter acreditado em 2000, mas também o John McCain que muitas vezes esteve ausente em 2008.

 

E esteve ausente porque, sabendo os seus conselheiros de antemão que as politicas normalmente associadas aos republicanos não eram bem vistas, fez uma campanha pouco associada a ideias politicas, a esse propósito ler o que diz o Ross Douthat no seu texto The Absence of Policy. Mas pior do que isso, quando teve de tomar a mais importante decisão no contexto de candidato à presidência, a de parceiro para o ticket, escolheu Sarah Palin - segundo consta também influenciado pela opinião dos seus conselheiros que deixaram passar para McCain a ideia que, mais do que a sua opinião pessoal, seria catastrófico a escolha de alguém com opiniões desfavoráveis ao sector evangélico do partido. Ora, com a escolha de Palin, embora o resultado de curto-prazo tenha parecido favorável e revitalizador da sua candidatura, o efeito permanente obtido foi a de uma escolha irresponsável e da cedência face aquilo que tinha sido toda a presidência Bush. A colagem que os democratas tentavam impingir entre McCain e Bush estava facilitada (para não dizer comprovada) a partir desse ponto.

 

Nos últimos dias tem saido, como é normal quando cheira a derrota, as primeiras noticias de cisão no ticket republicano. E se do lado de Palin culpa-se os gestores da campanha de McCain pela má imagem pública que esta conquistou, nomeadamente na gestão que fizeram das suas entrevistas e exposição mediática. Por outro lado, no lado de McCain, para não dizer do próprio John McCain, começam-se a atribuir culpas a Palin, pela sua inexperiência, falta de conhecimento sobre os assuntos e por andar a fazer campanha para sí própria e não em nome do ticket. O que torna-se óbvio, e muitos colunistas republicanos pró-Bush confirmam-no com os seus textos, é que perante a quase evidência de derrota republicana, Sarah Palin terá entrado em campanha para as eleições em 2012 - e a quatro anos de distância é já uma das favoritas para o lugar. Mas aquilo que é bom para Palin'12, não será necessariamente bom para McCain'08.

 

No entanto, no jogo das culpas, McCain tem de atribuir as culpas a sí próprio. Foi ele que fez a escolha de Palin, e que esta agora, ganha a exposição mediática, esteja a trabalhar mais para sí do que para o candidato, é problema de McCain e não de Palin. Mas é também um problema para o partido republicano, e é um problema porque isso significa que a derrota eleitoral, contrariamente ao que advogo, poderá não trazer uma renovação das prioridades do partido no sentido que considero favorável. Os evangélicos tomaram conta do partido e de lá não querem sair. John McCain, ao invés de renovar o partido com a sua candidatura, poderá ter ajudado aqueles que suportaram Bush a manterem o seu legado bem vivo. O trágico é que o senador McCain do ano 2000, perderá novamente em 2008 para George W.Bush.

4 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

  •  
  • Outras Casas

  •  
  • Blogs

  •  
  • Em Inglês

  •  
  • Think Tank

  •  
  • Informação

  •  
  • Magazines

  •  
  • Desporto

  •  
  • Audiovisual

  •  
  • Ferramentas

    Arquivo

    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2009
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2008
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2007
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2006
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D